O processo de envelhecimento implica em ganhos e lutos de diversas naturezas. A cada passo, a cada mudança, é preciso reelaborar as relações com os outros e até com o próprio corpo. Isso não é diferente nas relações entre os adolescentes e seus pais e nem o inverso. Não é somente a tal da “síndrome do ninho vazio”, a questão é mais ampla.
Ao longo da vida as relações pais x filhos tendem a mudar, mas e quando uma ou as duas partes não querem? Ainda que possam surgir conflitos, não é tão incomum que, disfarçadamente, fiquem ali, mais ou menos compactuando um com a neurose do outro. É um que alimenta a infantilidade e outro que não se movimenta para sair daquele lugar.
Qual o ganho disso? Ou a questão será não perder um determinado lugar? Talvez, manter-se ali… num espaço subjetivo onde tudo se conhece e onde sabe mexer os pauzinhos pra manutenção e adiar mais ainda a própria vida?
*Foto de Andrea Piacquadio no Pexels